Crônicas Pastorais: celebração das crismas, um pentecostes que se renova
Na Celebração da Solenidade de Pentecostes deste ano de 2025, tive a graça de celebrar o Sacramento da Confirmação aos jovens e adolescentes de várias comunidades da Paróquia São Sebastião, de São Sebastião do Caí. Este Sacramento da Confirmação, que celebramos ao longo do ano percorrendo nossas 30 paróquias, é sempre uma oportunidade de confirmar a caminhada da comunidade; o ministério dos (as) catequistas; e, com a imposição das mãos e a unção com o Óleo do Crisma, a missão conferida aos jovens.
De fato, na Solenidade de Pentecostes, a Igreja suplica ao Senhor, através da liturgia, que os dons do Espírito Santo sejam derramados e que se realize, como se diz na Oração da Coleta, “agora, no coração dos que creem e vós, as maravilhas que operastes no início da pregação do Evangelho”. E, também por isto, a celebração do Sacramento da Confirmação é sempre um momento festivo, tanto para as famílias como para a comunidade. E é, ainda, alegria para o bispo e para os padres, bem como para cada jovem que é ungido (a).
Percebo, no entanto, que ainda temos um longo caminho a percorrer para que esta Celebração não seja marcada por uma alegria de uma simples ‘formatura’, uma espécie de ‘fim de linha’. Pelo contrário, precisamos entender que este momento deve ser entendido com a alegria do Evangelho. E que a alegria do ‘sim’, expresso na unção perfumada, imprima em nossos corações uma bela missão.
Qual o caminho devemos percorrer para alcançar a compreensão de que ser crismado é abraçar a missão de Cristo? Esta transformação se dará, mais eficazmente, quando todos nós, ministros ordenados, catequistas e comunidade paroquial, compreendermos o sentido profundo da Iniciação à Vida Cristã. Ou seja, quando compreendermos que toda a comunidade tem a missão de ‘iniciar’ e, portanto, estar comprometida durante o processo catequético e também nos primeiros passos daqueles jovens ungidos e ungidas, para que se sintam acolhidos na comunidade. E que tomem esta como um espaço de descoberta da missão.
Em cada Crisma, procuro fazer com que os já crismados presentes na plenária se recordem do exato momento em que foram crismados e de como estão vivendo como ungidos(as) e, ainda, se estão dispostos a renovar o compromisso de crismados, juntamente com aqueles(as) jovens que estão ali, para serem ungidos(as). Aos jovens, proponho, naquele momento sagrado da unção, um pequeno projeto pastoral baseado na igreja nascente, conforme nos narra Lucas: “eles eram perseverantes na doutrina dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (Atos 2,42). Como eu explico este versículo aos jovens e à comunidade?
- ‘Perseverantes na doutrina dos apóstolos’, ou seja, que cada um se torne discípulo(a) do Senhor na escuta na Palavra, na liturgia comunitária, mas também na leitura e meditação da Sagrada Escritura. Recordo que aquela bíblia que cada tem, desde a catequese,deve se tornar um local de encontro com Deus pela escuta e oração.
- ‘Perseverantes na comunhão fraterna’, ou seja, ninguém se salva sozinho, mas somos salvos pelo amor de Deus, e este amor é revelado na comunhão fraterna na experiência eclesial. Portanto, agora crismados, recebemos como ‘catequista’ a própria comunidade, que nos reúne, nos acompanha, nos educa e nos desperta para a missão, e para a vocação pessoal.
- ‘Perseverantes na fração do pão e nas orações’, ou seja, somos chamados a uma vida comunitária, litúrgica e eucarística, que nos conserva em comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs. A perseverança na vida comunitária e sacramental, gera no seu tempo, o despertar para a missão, na Igreja e na sociedade.
Para mim, celebrar o Sacramento da Confirmação, ao longo do ano, em nossas paróquias e comunidades, é sempre uma graça, um kairós. Isso porque percebo neste momento um Pentecostes e assim compreendo sempre mais que o Espírito Santo de Deus age na história da Igreja e na nossa vida e ministério. Somos sempre chamados a acolher no coração “as maravilhas que operastes no início da pregação do Evangelho”. Assim, rogo que para toda comunidade e para os jovens crismados seja sempre um recomeço da jornada em missão.
+ Dom Carlos Romulo
Bispo Diocesano de Montenegro.